O Investimento Social Privado (ISP) é um ativo atrativo tanto para empresas quanto para filantropos, proporcionando um retorno de impacto social positivo para as comunidades. A capacidade de alavancar capital privado em prol de causas permite a realização de transformações sociais e ambientais, fazendo o caminho dos recursos privados chegarem até o bem comum, em iniciativas que busquem a equidade, a justiça social e o desenvolvimento sustentável.
É importante destacar que o ISP não substitui a responsabilidade do poder público, tampouco os compromissos legais das empresas, mas complementa seus esforços. Essa colaboração cria sinergias, com o ISP atuando como um reforço estratégico para as políticas públicas. Enquanto empresas e filantropos inovam e oferecem apoio flexível e ágil, os governos garantem a escala e continuidade. Ao somar forças, o impacto coletivo é amplificado.
Com esse contexto estabelecido, seguimos para explorar diferentes modelos de gestão de ISP, com exemplos práticos e orientações sobre como escolher a abordagem que mais se alinha aos seus objetivos sociais.
Tipos de Investimento Social Privado
Agora que entendemos o papel estratégico do ISP na amplificação do impacto social, vamos avaliar os diferentes modelos de gestão que permitem otimizar esses ativos e maximizar o retorno social. Dependendo do perfil do investidor, seja ele uma empresa ou um filantropo individual, há abordagens que se alinham melhor aos objetivos de curto e longo prazo.
Aqui, adotamos a classificação autodeclaratória do GIFE para identificar os diferentes tipos de investidores sociais, que leva em consideração duas variáveis principais: a origem dos recursos financeiros e a gestão e constituição organizacional (jurídica e hierárquica) da instituição. Nesta análise, podemos dividir os investidores sociais em quatro categorias principais:
- Empresas: realizam seu investimento social diretamente, por meio de áreas ou departamentos específicos da companhia, sem recorrer a uma fundação ou instituto próprio.
- Institutos, Fundações e Fundos Empresariais: organizações criadas e mantidas por uma empresa ou grupo empresarial, com governança ligada à corporação.
- Institutos, Fundações e Fundos Familiares: organizações criadas e mantidas por filantropos ou suas famílias, geralmente com foco em legado e continuidade.
- Institutos, Fundações e Fundos Independentes: organizações cuja governança não está vinculada a uma única fonte majoritária de recursos, garantindo maior independência financeira e operacional.
De acordo com o Censo GIFE 2022-2023, Institutos e Fundações Empresariais representam o maior grupo, com 50% dos respondentes. Em seguida, estão os Independentes, com 21%, enquanto os Institutos e Fundações Familiares correspondem a 18%, e as Empresas somam 11% dos participantes.
Modelos de Gestão de Investimento Social Privado
Com essa classificação em mente, vamos passar pelos principais modelos de gestão de Investimento Social Privado, destacando exemplos práticos para cada um:
1. Gestão direta
Na gestão direta, a empresa ou o doador assume o controle integral dos projetos sociais. Esse modelo oferece maior acompanhamento sobre a alocação de capital e a execução dos projetos para que os recursos estejam alinhados diretamente com a missão estratégica da organização.
- Exemplo: grandes empresas como a Natura realizam a gestão direta de seus programas ambientais, aproveitando suas estruturas internas para garantir um acompanhamento próximo dos resultados. O retorno vem quase sempre atrelado ao reforço da imagem institucional.
2. Associação/Apoio a organização especializada
Para quem busca otimizar a eficiência do investimento, parcerias com organizações especializadas em gestão de impacto social são uma alternativa prática. Ao delegar a escolha das organizações apoiadas e o acompanhamento a organizações experientes, empresas e filantropos garantem que os recursos sejam aplicados de forma eficaz, contando com a chancela de um time especialista e sem precisar se envolver diretamente na gestão operacional dos projetos.
- Exemplo: o Movimento Bem Maior (MBM) é uma organização especializada que oferece gestão de filantropia estratégica. O MBM faz a ponte entre o filantropo e as organizações sociais, ajudando a direcionar investimentos para iniciativas voltadas à justiça social no Brasil. Além disso, o MBM cuida de toda a execução e mensuração de impacto para que seus investimentos tenham um resultado positivo e mensurável.
3. Fundações e Institutos
A criação de uma fundação ou instituto oferece uma estrutura dedicada e formal para gerenciar seus investimentos sociais de longo prazo. Esse modelo é adequado para empresas ou filantropos que focam numa governança robusta e focada em uma causa específica, mantendo a continuidade do legado e alinhamento com os valores do investidor.
- Exemplo: a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal é um exemplo de fundação familiar criada para atuar diretamente no fortalecimento de políticas públicas voltadas à primeira infância. A governança dedicada permite uma atuação de longo prazo, com forte investimento em pesquisas, advocacy e ações de impacto social para melhorar a qualidade de vida das crianças no Brasil.
4. Fundos Filantrópicos e Donor-Advised Funds (DAFs)
Fundos patrimoniais filantrópicos e DAFs são soluções flexíveis para investidores que buscam maximizar o impacto social sem a necessidade de gerenciar diretamente as operações. O capital é gerido por uma instituição financeira ou organização especializada, permitindo que o doador escolha as causas que deseja apoiar ao longo do tempo.
- Exemplo: O modelo de DAF permite que filantropos, como membros de family offices, façam contribuições contínuas para diversas causas. Isso oferece gestão eficiente e flexibilidade, mas distante, e sem o custo operacional de uma fundação tradicional, garantindo que o impacto se prolongue ao longo de gerações.
Como escolher o modelo adequado?
A escolha do modelo de gestão de Investimento Social Privado depende de diversos fatores estratégicos que influenciam diretamente o impacto e a eficiência da alocação de recursos. Aqui estão alguns pontos essenciais a serem considerados:
- Nível de proximidade desejado: se você deseja acompanhar o dia a dia e engajar-se diretamente com os projetos, a gestão direta é uma boa opção, mas é necessário expertise. Se não dispor de tempo ou equipe para a operação e preferir delegar a execução e o acompanhamento, o apoio a organizações especializadas pode ser uma solução mais eficaz.
- Recursos disponíveis: modelos como fundações exigem mais infraestrutura e custos operacionais contínuos, enquanto soluções como DAFs oferecem maior flexibilidade e menores exigências administrativas.
- Objetivos de longo prazo: empresas podem integrar o ISP como parte de suas estratégias de responsabilidade social, utilizando-o para fortalecer sua marca e valor institucional. Filantropos, por sua vez, podem realizar doações contínuas para organizações ou usar fundos patrimoniais, alinhando seu legado ao impacto social duradouro.
Independente da escolha, desde o início, não se pode abrir mão de acompanhar como as ações estão sendo realizados e os recursos utilizados para garantir transparência e permitir ajustes na alocação, conforme necessário.
Dados do Censo GIFE 2022-2023 destacam que 41% das instituições utilizam um modelo híbrido, combinando a execução de projetos próprios com parcerias, indicando uma tendência de diversificação nos modelos de gestão de ISP. Isso demonstra a importância da flexibilidade e da adaptação às necessidades específicas de cada investidor e projeto.
Uma escolha estratégica
Já conhece o Movimento Bem Maior? Para quem busca um acompanhamento de confiança, uma visão de mudança sistêmica e o compromisso de deixar um legado duradouro no campo da filantropia, o MBM é uma referência. Com uma abordagem estratégica para filantropos individuais, ajudamos a alinhar suas causas com investimentos voltados para a justiça social no Brasil.
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