A Educação é um direito fundamental e chave para a justiça social. No MBM, acreditamos que ela rompe ciclos de pobreza, criando oportunidades para aqueles que enfrentam falta de perspectivas e oportunidades. Neste artigo, discutimos como um olhar integrado para o investimento social privado em educação pode impulsionar o futuro.
João cresceu em um bairro onde os sonhos e a realidade pareciam não dialogar. Movido pela sobrevivência, abandonou a escola para trabalhar no mercado informal e nunca mais teve a oportunidade de aprender a ler e escrever. Quando se tornou pai, quis algo diferente para o filho, mas, sem possibilidades e referências sobre a importância da educação, acabou afastando-o da rotina escolar ao sugerir que o acompanhasse no trabalho.
Essa história fictícia representa a experiência de muitos brasileiros, onde a falta de acesso ao conhecimento e de oportunidades perpetua um ciclo de pobreza que impacta 28% da população brasileira em 2024. De acordo com pesquisas do Datafolha, 73% dos jovens desejam voltar à escola mas se encontram na realidade do filho de João, em que precisam trabalhar para ajudar a família.
Cenário atual da Educação no país
A pobreza multidimensional vai além da falta de renda e reflete uma carência ampla de direitos e de acesso a recursos essenciais, como a educação. Histórias como a de João exemplificam essa realidade, onde a ausência de oportunidades educacionais limita o desenvolvimento de todo um ciclo familiar e comunitário. Hoje, no Brasil, é preciso 9 gerações para que os descendentes de um brasileiro situado entre os 10% mais pobres atinja o nível de renda média do país.
Embora a educação seja um direito fundamental garantido pela Constituição de 1988, sua universalização no Brasil ainda está distante. Os desafios são grandes: dos jovens do país (18-29 anos), 8,8 milhões não terminaram o ensino médio e não frequentam nenhuma instituição de educação básica, segundo informações coletadas pela PNAD Contínua. Considerando todas as faixas etárias, são mais de 68 milhões cidadãos sem a escolarização básica no país. Em 2021, sob os efeitos da pandemia, apenas metade das crianças que viviam em um domicílio entre os 20% mais pobres da população estavam envolvidas (presencialmente ou virtualmente) em atividades escolares durante toda a semana, enquanto esse era o caso de três em cada quatro crianças nas famílias mais ricas.
Segundo o Todos Pela Educação, nos últimos anos, o Brasil enfrentou um aumento preocupante na taxa de não-alfabetização, queda no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e uma redução na qualidade de formação de professores, especialmente entre aqueles que optam por cursos de ensino a distância (EaD).
Nossa visão
No Movimento Bem Maior, enxergamos a educação como uma força transformadora, capaz de construir um futuro com oportunidades mais justas e de romper com o ciclo da pobreza. Acreditamos que é pela educação que se constrói uma sociedade mais equitativa e inclusiva. Para que João e seu filho possam entender o valor do aprendizado, é preciso uma abordagem ampla, que envolva o contexto educacional em todas as suas dimensões.
Iniciativas de alfabetização ou contraturno, se feitas de forma isolada ou pontuais, não são suficientes. Nossa visão é abrangente e considera diferentes níveis e demandas do sistema educacional. Isso inclui desde a profissionalização da gestão escolar e dos professores até a formulação de políticas pedagógicas e de governança, em linha com diretrizes, como na mandala do Todos Pela Educação abaixo.
É justamente essa visão refinada sobre a educação brasileira que torna o Todos Pela Educação uma peça fundamental. A organização atua em nível nacional para influenciar políticas públicas e garantir que a educação básica seja priorizada, inclusiva, equitativa e de qualidade. Por meio de sua atuação estratégica, o Todos Pela Educação promove diretrizes para enfrentar os principais desafios da educação no país, criando uma agenda em comum, numa coalisão com outras organizações sociais comprometidas com uma educação de qualidade e acessível para todos.
Já organizações como o Instituto iungo, voltadas para a qualificação técnica de professores, são essenciais para assegurar a qualidade do aprendizado e o aprimoramento técnico dos educadores frente aos desafios contemporâneos. Para isso, também é importante apoiar e estar próximo de organizações como o Parceiros da Educação, que atua na formação de Diretorias de Ensino em São Paulo, por meio dos projetos Sul 1 e Sul 2, fortalecendo a gestão escolar para melhorar os resultados educacionais.
Outro exemplo estratégico é o Instituto Rodrigo Mendes, que promove a inclusão escolar por meio de programas de formação inclusiva, capacitando escolas e Secretarias para uma educação acessível.
Com atenção às demandas sociais e às movimentações políticas recentes, direcionamos entre essas organizações esforços para a articulação e implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O Movimento Pela Base desempenha um papel importante nesse processo, conectando diferentes atores e assegurando que as práticas definidas cheguem aos territórios brasileiros de forma efetiva.
Essas são algumas das organizações em nossa carteira no eixo de educação, destacando a importância de tratar a complexidade do desafio educacional como uma questão interconectada e sistêmica, ao invés de isolada.
Ponto de partida para a transformação social
Investir em educação é reescrever histórias como a de João, oferecendo novas perspectivas para as próximas gerações. A trajetória de João e de tantas outras famílias mostra que a pobreza se perpetua na falta de oportunidades. Com ações que abraçam as diversas dimensões educacionais, o MBM se propõe a ser uma ponte entre o potencial ainda inexplorado e o desenvolvimento humano e social.
Ao apoiar a educação, abrimos caminhos para um futuro mais promissor, onde cada jovem possa ser um elo essencial na transformação da sociedade, ultrapassando barreiras locais e inspirando um impacto positivo que se espalha por todo o país.
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