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Governança corporativa nas grantmakers: um Investimento Social estratégico

4min de leitura

Por Movimento Bem Maior

fev 2025
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A governança corporativa é um fator essencial para a estruturação de organizações, garantindo transparência, eficiência e maior impacto social. No caso das grantmakers, que atuam como financiadoras estratégicas de projetos sociais, uma governança bem estruturada também potencializa a efetividade dos investimentos e fortalece o ecossistema da filantropia.

No Brasil, a cultura de doação ainda enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito à segurança e previsibilidade dos investimentos sociais. Por isso, para investidores, destinar recursos a uma organização com governança estruturada pode ser mais eficiente e estratégico do que financiar diretamente organizações com capacidade de administração limitada ou sem processos de prestação de contas e acompanhamento bem definidos.

Governança corporativa no terceiro setor

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, governança corporativa é um conjunto de processos, políticas e práticas que regulam a administração de uma organização, garantindo que suas decisões sejam tomadas de forma ética e transparente. No terceiro setor, a governança vai além da conformidade regulatória: reduz riscos, reforça a credibilidade e assegura a sustentabilidade das organizações sociais.

Mais do que isso, a adoção de boas práticas de governança possibilita maior previsibilidade e segurança na gestão dos investimentos sociais, melhorando a prestação de contas e a tomada de decisões. É o que diz o Guia das Melhores Práticas de Governança do GIFE (2014). Essa estrutura permite que financiadores e organizações apoiadas estejam alinhados estrategicamente, evitando conflitos de interesse e garantindo que os recursos sejam aplicados da maneira mais eficiente.

Os riscos de investir em organizações sem governança estruturada

A ausência de processos estruturados pode comprometer a transparência, a eficiência na aplicação dos recursos e a própria sustentabilidade da iniciativa. Sem mecanismos robustos de prestação de contas e gestão estratégica, as organizações enfrentam dificuldades na alocação de investimentos, tornando-se mais vulneráveis a falhas operacionais e desperdício.

Outro impacto significativo da falta de governança é a dificuldade na captação de novos aportes financeiros. Organizações que não possuem estruturas sólidas encontram mais barreiras para firmar parcerias e conquistar a confiança de financiadores e da sociedade. Além disso, a falta de governança pode resultar em decisões desalinhadas com os objetivos institucionais, de forma a reduzir o impacto das ações e dificultar a captação de novos aportes financeiros, limitando seu potencial de crescimento e manutenção no longo prazo.

Para investidores sociais que buscam impacto mensurável e sustentável, garantir que os recursos sejam destinados a organizações com governança bem definida é um critério essencial.

O papel das grantmakers na qualificação do investimento social

Grantmakers são organizações que direcionam recursos para projetos e instituições que atuam na ponta. Em vez de criar iniciativas próprias, elas fortalecem ações existentes, ampliam a capilaridade da filantropia e promovem o desenvolvimento institucional das organizações apoiadas. Esse modelo favorece pequenas e médias organizações que possuem grande potencial de impacto, mas enfrentam dificuldades na captação de recursos e na estruturação de seus processos administrativos.

O Movimento Bem Maior é um exemplo de grantmaker que fortalece sua atuação com uma governança bem estruturada. Baseada na transparência e eficiência na alocação de recursos, apoia diversas organizações da sociedade civil, fortalecendo seu impacto e promovendo práticas que aumentam a sustentabilidade do setor. Além do financiamento, investe no desenvolvimento institucional de organizações sociais e fomenta redes de colaboração.

Uma referência concreta dessa abordagem é o Futuro Bem Maior, programa voltado ao fortalecimento de organizações comunitárias em todo o Brasil. A iniciativa apoia OSCs que atuam diretamente nas periferias e em territórios vulneráveis, oferecendo não apenas financiamento, mas também capacitação, redes de conexão e suporte estratégico para ampliar seu impacto e sustentabilidade.

O programa parte da premissa de que o investimento em organizações que atuam diretamente nas comunidades é essencial para a efetividade das ações sociais. Especialmente em regiões afastadas e com menor acesso a financiamento, essas organizações possuem conhecimento aprofundado sobre as demandas locais e estabelecem interlocução direta com os públicos atendidos, garantindo que os recursos aplicados cheguem de forma mais eficiente a quem realmente precisa.

Além disso, o Movimento Bem Maior tem hoje um processo de governança e secretaria de governança maduros, com auditoria anual de suas DFs, órgãos administrativos com funções claras, encontros recorrentes, acompanhamento e registro dos entendimentos e deliberações por meio de atas e publicização de acordos que afetam terceiros.

Assim, o Movimento Bem Maior oferece uma estrutura segura que garante boa governança, transparência e gestão estratégica dos recursos, ao mesmo tempo em que atua como um intermediário qualificado, conectando investidores sociais às organizações. Ao aportar recursos por meio do MBM, os investidores asseguram que os recursos sejam distribuídos de forma eficiente, acompanhados de suporte técnico e alinhados a uma visão estratégica de longo prazo, fortalecendo a sustentabilidade e a efetividade das ações apoiadas.

Governança corporativa como critério estratégico para investidores sociais

A governança corporativa representa um diferencial competitivo para as grantmakers que buscam expandir sua atuação e impacto. Para investidores sociais que desejam maximizar o retorno de seus aportes filantrópicos, destinar recursos a organizações com governança sólida se mostra um passo estratégico. Essas organizações oferecem maior segurança na gestão de recursos, evitam riscos operacionais e garantem que os investimentos sejam feitos com base em estratégias bem definidas.

O fortalecimento da governança nas grantmakers também contribui para a profissionalização do terceiro setor. Ao adotar práticas de gestão robustas e processos de accountability, essas organizações criam um ambiente mais seguro para o investimento social, incentivando novos aportes e ampliando a cultura da filantropia estratégica.

Se você é um investidor que deseja contribuir para mudanças sociais significativas, apoie grantmakers que possuam processos estruturados, transparência na gestão e compromisso com a eficiência no repasse de recursos. Esse modelo não apenas fortalece o setor social, mas também assegura que cada investimento gere resultados concretos, impulsionando um Brasil mais justo e equitativo.

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Este post foi escrito por:
Natalia Cordeiro, Advogada do Movimento Bem Maior