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Filantropia empresarial ou independente: diferenças e papéis

4min de leitura

Por Movimento Bem Maior

nov 2024
Mãos segurando um globo terrestre, representando o impacto global da filantropia empresarial e filantropia independente">

A filantropia no Brasil atua como uma força transformadora, promovendo desenvolvimento socioeconômico e fortalecendo laços sociais em todo o país. Seja via filantropia empresarial ou independente, as iniciativas socioambientais ampliam o impacto social e complementam o trabalho do setor público em questões complexas e urgentes.

Cada ator desempenha esse papel de forma única. Empresas moldam suas ações filantrópicas de acordo com seus valores e estratégias, enquanto filantropos independentes e institutos familiares escolhem causas específicas, criando um legado pessoal. Neste artigo, trataremos das diferenças e características de cada abordagem, evidenciando o impacto que elas proporcionam ao bem comum.

O que está por trás da filantropia empresarial?

A filantropia empresarial, ou corporativa, é a prática em que empresas alocam recursos para projetos sociais, culturais ou ambientais sem expectativa de retorno financeiro direto. Diferente da responsabilidade social corporativa (RSC), que está diretamente conectada às atividades da empresa, a filantropia empresarial atua de forma separada dos objetivos de lucro, focando apenas no impacto positivo.

As empresas podem estruturar suas práticas filantrópicas de diversas formas. Algumas optam por fazer doações diretas para OSCs e projetos, enquanto outras criam institutos próprios com uma equipe dedicada a gerenciar as iniciativas sociais. Outra estratégia é estabelecer parcerias com intermediários especializados, para garantir que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e alinhada aos valores da empresa.

A filantropia empresarial traz benefícios tanto para a empresa quanto para a sociedade. Ela fortalece a RSC, reforçando o compromisso da companhia com práticas éticas e sustentáveis e promovendo o bem-estar nas comunidades onde atua. Para saber mais sobre como alinhar a filantropia com o ESG e a RSC, confira o guia da Sitawi Finanças do Bem, que traz estratégias práticas para maximizar esse impacto.

E o que tem a ver com ESG?

Nos últimos anos, a filantropia empresarial tornou-se um pilar social nas estratégias de ESG, reforçando o compromisso das empresas com sustentabilidade e ética. Integrar práticas de investimento social a esses princípios tem sido uma tendência para organizações que buscam impacto social amplo e estratégico.

Esses investimentos permitem promover inclusão social, educação, qualidade de vida nas comunidades e elevar a credibilidade da marca. Além disso, essa integração de práticas reforça a transparência e mensuração de impacto, assegurando que os investimentos sejam eficazes e responsáveis.

Um retrato atual da filantropia independente

A filantropia independente é caracterizada pela atuação autônoma de indivíduos, famílias ou instituições sem vínculo direto com uma empresa. Esse tipo de filantropia possibilita liberdade para apoiar causas alinhadas aos valores pessoais dos doadores, permitindo que criem um legado em temas específicos e em áreas de interesse pessoal.

Um panorama atual da filantropia independente no Brasil foi traçado pelo estudo “Filantropia que Transforma”, promovido pela Rede Comuá. O estudo mapeou 31 organizações de filantropia independente no país, mostrando que o foco principal das doações (74%) é o fortalecimento institucional de organizações que defendem direitos. Essas organizações distribuíram mais de R$ 470 milhões em doações diretas, empregaram 719 pessoas e apoiaram cerca de 10 mil iniciativas.

A noção de independência é central para essas organizações, pois permite uma atuação autônoma, sem dependência de empresas ou famílias mantenedoras. Em vez disso, elas mobilizam recursos de fontes diversificadas — nacionais, internacionais, públicas e privadas — e se destacam pela sua capacidade de articular redes e pelo conhecimento profundo de seus campos de atuação, como justiça socioambiental e direitos humanos.

O Movimento Bem Maior é um exemplo de filantropia independente voltada para o fortalecimento de organizações sociais e o avanço da justiça social no Brasil. Focado em criar impacto duradouro e promover transformação social, o MBM atua apoiando causas que buscam equidade, desenvolvimento sustentável e coesão social. Por meio do investimento e parcerias estratégicas, o MBM trabalha para deixar um legado que fortaleça o setor social e amplie o acesso a oportunidades nos territórios em todo o país.

Comparando filantropia empresarial e independente

Embora compartilhem o objetivo de fortalecer a sociedade, a filantropia empresarial e a filantropia independente apresentam abordagens e estruturas diferentes. Aqui estão algumas das principais distinções:

  • Alinhamento com os valores: a filantropia empresarial se alinha aos valores e à missão da empresa, enquanto a filantropia independente é guiada pelos valores pessoais ou familiares dos filantropos.
  • Controle e foco: empresas costumam criar institutos com foco em temas alinhados à sua atuação e estratégia de negócios. Na filantropia independente, o foco é mais livre, moldado pelos interesses individuais ou familiares, com a possibilidade de apoio a uma ampla gama de causas.
  • Flexibilidade vs. estrutura corporativa: a filantropia independente oferece maior flexibilidade e capacidade de resposta rápida, enquanto a filantropia empresarial geralmente segue um planejamento estratégico formal e um rigor corporativo mais rígido.
  • Capacidade de grantmaking: na filantropia independente, como evidenciado pelo estudo da Rede Comuá, a capacidade de grantmaking (doação para fortalecimento de outras instituições) é um pilar central. Essas organizações conseguem canalizar recursos de forma eficiente para causas que exigem apoio contínuo e estratégico.

Qual o melhor caminho?

Empresas podem integrar a filantropia empresarial às suas políticas de RSC e ESG, alinhando suas ações de impacto com a missão corporativa. Já a filantropia independente oferece a chance para indivíduos e famílias apoiarem causas específicas de forma personalizada, criando um legado em áreas como direitos humanos e desenvolvimento comunitário.

Empresas e filantropos podem encontrar o modelo mais adequado aos seus valores e objetivos de impacto, ampliando o alcance de suas ações para uma sociedade mais justa e inclusiva. Independentemente do modelo, o importante ponto é que a filantropia no Brasil continue promovendo mudanças concretas, enfrentando desafios sociais e contribuindo para o bem-estar das comunidades.

 

 


O que acha de começar a integrar essa perspectiva à sua prática filantrópica?

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