Fale conosco

Por que precisamos urgentemente de uma cultura de doação?

Por Movimento Bem Maior

dez 2021

A resposta para essa questão, que deve embasar nossas ações de filantropia, está nos números que retratam a realidade social do país. Dados divulgados em novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que em 2020 a parcela da população com maior renda no Brasil, que representa 1%, ganha 34,9 vezes mais que a metade dos brasileiros que têm menor renda. Enquanto a renda média mensal das famílias mais ricas do país fica em torno de R$ 15,8 mil, metade das mais pobres têm rendimento médio de R$ 453. No ano passado, o rendimento médio mensal da população, em geral, atingiu o menor patamar desde 2012, ficando em R$ 2.213.

Apesar das grandes riquezas naturais de nosso país, que nos oferecem boas perspectivas de crescimento e prosperidade, somos uma nação com muita pobreza, reforçada pelas desigualdades. Com base no índice GINI, usado para avaliar o nível de concentração de renda, o Brasil fica entre os dez países mais desiguais do mundo. O Relatório de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no fim de 2019, indicou que o país tem a segunda maior concentração de renda no mundo, ficando atrás apenas do Catar.

O caminho para reduzir as desigualdades e diminuir os abismos que separam as diversas camadas do povo brasileiro passa pela filantropia e pela promoção de justiça social. Para transformações tão necessárias, devemos proporcionar às pessoas negligenciadas pelos desafios sociais a oportunidade de ter uma vida digna, com acesso à saúde, educação, habitação, infraestrutura básica, trabalho e todos os recursos que lhes darão condições de buscar sua prosperidade.

O país que sonhamos exige uma mudança de consciência e de posicionamento diante da atuação social, entendendo-a como parte do motor que impulsiona o crescimento de todos os setores. Nos Estados Unidos, a filantropia responde por cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) – que passa de US$ 20 trilhões. Aqui, ainda estamos distantes dessa realidade, com um índice filantrópico que fica abaixo de 0,2% do PIB.

Se considerarmos a situação de pobreza que vemos em todas as regiões, precisaríamos de muito mais doação. Há um equívoco que dificulta avançar no objetivo de melhorar a condição geral da população, que é a confusão que fazemos dos conceitos de imposto, doação e esmola. A esmola não promove justiça social – ajudar momentaneamente alguém que passa necessidade pode ser benéfico, mas esse é um debate mais profundo, que envolve a consciência de retribuir e tentar, com o melhor dos nossos esforços, dar para as pessoas a oportunidade que a sociedade falhou em oferecer. É a Cultura de Doação que traz os resultados para as questões que levantamos, propicia o avanço social e cria as oportunidades para mudar os índices de pobreza e desigualdade do país.

Para que a Cultura de Doação se efetive será necessário que líderes empresariais se aproximem das causas sociais, voltando-se à filantropia. Quando as empresas efetivamente se engajarem no plano de reduzir as desigualdades, se comprometendo a retornar e compartilhar conquistas, teremos como resultado o fortalecimento da sociedade e, consequentemente, da economia. Se desejamos uma sociedade economicamente ativa, mais justa e igualitária, precisamos entender que a responsabilidade para a mudança de cenário depende de um esforço conjunto entre governo, empresas e sociedade civil.

Por, Christian Klotz, sócio da Brasil Capital, empresa associada ao Movimento Bem Maior. 

Este artigo foi originalmente publicado no site do jornal O Globo.

Relatório Anual Movimento Bem Maior 2023
Institucional
Relatório Anual Movimento Bem Maior 2023

Muito além da doação, descubra como estamos construindo uma filantropia onde todos avançam juntos. Em 2023, continuamos trilhando a grande jornada pela justiça social, nivelando o terreno e equipando estrategicamente organizações para seguirmos lado a lado. Com a colaboração de filantropos, organizações sociais e parceiros, unimos recursos, redes e expertise para impulsionar o desenvolvimento sustentável […]

Por Movimento Bem Maior

abr 2024
Guardiões da floresta: juventude amazônica moldando o futuro
Histórias inspiradoras
Guardiões da floresta: juventude amazônica moldando o futuro

Não esqueçam da gente. Com essa frase se iniciou o primeiro Congresso da Juventude, organizado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), na comunidade de Tumbira, no Amazonas, no final do mês de março. Sessenta jovens de diferentes comunidades dos municípios de Iranduba, Carauari, Itapiranga, Novo Aripuanã, Uarini e da comunidade indígena Três Unidos se juntaram para, […]

Por Beatriz Waclawek

mar 2024