Anualmente, a Rede Filantropia realiza o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE), um dos principais encontros de gestão e inovação social do Brasil. Em 2025, o evento desembarcou em Curitiba — e, pela primeira vez, tive a oportunidade de participar presencialmente, representando o Movimento Bem Maior, parceiro institucional do fórum.
Participo da construção de pautas do setor há algum tempo, mas estar no FIFE foi viver de perto a pulsação do ecossistema filantrópico brasileiro – e também matar a saudade de Curitiba, cidade que já tive a oportunidade de visitar muitas vezes, tanto a trabalho quanto a passeio. Compartilho a seguir algumas reflexões que essa experiência me trouxe:
Governança corporativa no terceiro setor
O evento impressiona pelo volume e pela diversidade: mais de 1.300 pessoas, 100 painéis e uma circulação intensa de lideranças, organizações sociais, profissionais e especialistas. Essa mobilização demonstra a força e a amplitude do terceiro setor brasileiro, cada vez mais profissionalizado e articulado em torno de temas contemporâneos.
A busca contínua pela profissionalização
A configuração dos estandes — com escritórios de advocacia, auditorias especializadas, plataformas digitais e soluções de gestão — refletiu um movimento importante: a profissionalização vem se consolidando como uma alavanca para fortalecer a sustentabilidade, a maturidade e o alcance das organizações sociais. Mais do que um diferencial, investir em gestão qualificada é um passo essencial para quem busca tornar o trabalho perene e ampliar o impacto positivo no território.
A importância da atuação estratégica na COP 30
Um dos momentos mais instigantes foi a roda de conversa sobre a COP 30, conduzida por Francinaldo Santos Jr, Erika Bechara, Fabiana Dias e Jairo Malta. As reflexões sobre o papel das organizações sociais brasileiras na conferência mundial, e o risco de termos uma COP “sem o Sul Global”, trouxeram à tona a necessidade de reforçar estratégias de incidência política, advocacy e visibilidade para o terceiro setor. Para aprofundar no tema, deixo como dica um recente artigo da Erika Bechara publicado na Folha.
O Futuro Bem Maior em evidência
Tive a honra de apresentar, em primeira mão, o case institucional do programa Futuro Bem Maior — um marco importante para a nossa estratégia de fortalecimento de organizações comunitárias. Ainda mais especial foi reencontrar organizações que passaram pelo programa, agora presentes no evento e engajadas nas discussões. Ver essas lideranças aprofundando conhecimento, ampliando conexões e ocupando espaços como o FIFE reforça o que sempre acreditamos: impacto duradouro nasce de relações de confiança, construídas com presença e parceria real.
Um setor conectado às grandes transformações globais
Tópicos como crise climática, inteligência artificial, guerra tarifária e mudanças geopolíticas permearam muitas das discussões ao longo do evento, refletindo um terceiro setor atento às transformações do nosso tempo. Foi inspirador perceber como organizações sociais estão se apropriando dessas agendas e buscando respostas do seu jeito.
Ao ser entrevistado pela equipe do evento em um dos intervalos na programação, me perguntaram qual palavra sintetizaria a experiência do FIFE. Respondi sem hesitar: comunhão. Para além do networking ou capacitação, o FIFE se consolida como um espaço onde conhecimento, experiência e propósito se entrelaçam, ampliando as fronteiras da atuação social. Foi um privilégio representar o MBM nesse ambiente tão fértil — reafirmando que é a partir do nosso valor de colaboração que construímos o impacto que desejamos para o futuro.
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Este post foi escrito por:
Guilherme Mattoso, Gerente de Comunicação do Movimento Bem Maior